quarta-feira, 11 de março de 2009

Autonomia para o cidadão > “media literacy” (ainda não sei como dizer em Português) > leitura crítica

Um dos meus temas favoritos quando discuto sobre a promoção do desenvolvimento e autonomia para o cidadão é o da necessidade de saber ler criticamente. Para mim, poucas coisas são tão cruciais para a tão desejada autonomia quanto a tal “media literacy”, e, poder ler criticamente certamente está aí incluído.

Minha hipótese é que o “blogar” – um tipo de elearning informal – pode promover o desenvolvimento desta habilidade. E, se isto for verdade, por que não estimular este hábito entre estudantes, profissionais e cidadãos em geral?

Aqui estão algumas de minhas suposições, ainda não testadas:

- O ato de “blogar” é um tipo de elearning informal, ou seja, elearning não vinculado a estruturas formais de ensino-aprendizado, como universidades, escolas, ou cursos de qualquer sorte.
- Ler blogs promove a leitura crítica.
- Ler blogs que trazem pontos de vista diferentes daqueles do leitor é mais eficaz na promoção de leitura crítica.
- Dialogar através de comentários em blogs é ainda mais eficaz do que apenas lê-los.

Qual é sua opinião sobre minhas suposições? Alguém já encontrou algo na literatura que as comprove ou negue?

4 comentários:

Anônimo disse...

Olá Ana.
Bom vê-la de novo com a velha forma.
E a respeito do que você escreveu , ou talvez levando para uma vertente , penso no teórico da comunicação Jurgen Habermas : " a racionalidade não diz respeito a posse de um saber , mas a maneira pela qual os sujeitos dotados de fala e ação , adquirem e EMPREGAM um saber "...
Vou além...
A liberdade não pode se resumir no direito de exercer a nossa vontade, no caso "recebendo" a informação que desejamos ... Nós devemos dominar o processo de formação da nossa vontade (!),através de uma discussão cada vez maior a respeito dos conteúdos e suas origens ...
Levar o debate para seu lado cognitivo , conhecendo cada vez mais o ato de conhecer , também faz de nós receptores mais atentos e até capazes.
O problema é , em uma sociedade cada vez mais imediatista e sem tempo (?) , convencer as pessoas de que não basta absorver produtos prontos e acabados , que os franceses chamam justamente de prêt-a-penser, mas sim aprofundar o debate...
Como dizem Millor e Ziraldo ( que saudades do Pasquim ): "hoje em dia , mais do que nunca ,as pessoas estão pensando duas vezes antes de pensar "...
Fui...

Anamaria Camargo disse...

Oi, Jean. Obrigada por sua sempre profunda colaboração aos meus posts e ao meu processo de entendimento do que anda na minha cabeça. Li recentemente um livro bem interessante que se chama "Distracted" de Maggie Jackson. Nele, a autora analisa essa falta de tempo e disposição para a reflexão nos dias que correm.

E, voltando a relacionar essa necessidade de reflexão ao ato de blogar, Stephen Downes (http://www.downes.ca/), um dos meus edublogueiros preferidos, disse em Educational Blogging (http://www.masscue.org/publications/archive/educational_blogging.pdf)que “Blogar” é muito mais do que escrever. Blogar é, antes de mais nada, LER. Ler e se engajar com o conteúdo com autores que você lê, refletindo, criticando, questionando, reagindo.

Se isto é fato, acho que a tecnologia deve ser explorada mais e melhor, e que o acesso a ela seja mais amplo de modo a permitir que mais "sujeitos dotados de fala e ação" se engajem, reflitam, leiam criticamente.

Renato disse...

Bem, acredito que a leitura e principalmente a participação em blogs funciona quase como uma comunidade de aprendizagem, ainda que seja uma forma quase "marcial" de aprendizado, dado o calor de certos debates.

Porém apesar de já ter visto discussões interessantíssimas, no geral o nível das discussões é baixo. E fico pensando se há como mensurar tal aprendizado.

Anamaria Camargo disse...

É, Renato. Você tem razão quanto a essa questão de mensurar, o que dificulta bastante pra quem quer fazer pesquisa científica. Talvez se possa adotar uma abordagem mais descritiva, qualitativa ao invés de quantitativa. Preciso pensar mais sobre isto. Obrigada por sua contribuição. Beijos.