Para a geração mais jovem de ‘multitaskers’—executores de múltiplas tarefas—o ensurdecedor “ruído” digital faz parte da vida diária. E, considerando-se as evidências que vem da neurociência e das observações diárias, esta constante auto-distração intencional pode acontecer em profundo detrimento do bem-estar individual e cultural. Quando as pessoas só fazem seu trabalho nos interstícios do tempo em que suas mentes vivem vagando, com migalhas de atenção racionadas entre tarefas que competem entre si, sua cultura pode ganhar em informação, mas certamente perde em sabedoria.
Talvez eu mesma tenha caído na armadilha contra a qual vivo advertindo os outros. Talvez eu tenha estado muito tempo fazendo muitas coisas ao mesmo tempo, lendo muito superficialmente, sem conseguir focar o suficiente para articular em palavras escritas o que eu sinto que já sei. George Siemens nos avisa que talvez a crítica contra ‘multitasking’ esteja parcialmente mal colocada e que, talvez, apenas tenhamos hoje em dia mais ruído no nosso mundo (video games, TV, podcasts, blogs, youtube). Ele acrescenta que talvez a nossa tarefa mais importante seja a de distinguir quando fazer uso de múltiplas fontes de informação e quando focar. Mas, eu pergunto, como podemos distinguir entre ruído e reais chances de aprendizagem quando estamos constantemente sendo bombardeados com a idéia de que TUDO na vida – bater papo com amigos, compartilhar fotos, assistir ao Big Brother, checar no Twitter o que os outros estão fazendo—uh???— tudo enfim é oportunidade para aprender? Acho que estou velha demais pra decidir quando dividir minha atenção ou quando focá-la se não me focar pra decidir.