sexta-feira, 27 de junho de 2008

A geração digital é capaz de efetuar várias tarefas ao mesmo tempo, ou seja, ‘multitask’. Nós, nascidos antes da revolução digital temos que nos esforçar contra nossa tendência natural de executar apenas uma tarefa de cada vez, e, por isto, estamos em desvantagem na nossa capacidade de aprender. Claro que todos já ouvimos esses clichés, mas, recentemente, para meu alívio, tenho lido vários artigos e ‘posts’ em blogs sobre ‘multitasking’ e aprendizagem (The Myths of the Digital Generation, Digital Nativism - Digital Delusions and Digital Deprivation, Digital natives and immigrants: A concept beyond its best before date e Solid Thinking: a challengeable position on learning 2.0 and the incumbent). Um artigo bem recente de Christine Rosen, chamado The Myth of Multitasking, causou em mim o poderoso efeito de me fazer parar de ler e escrever este post. Vale a pena ler o artigo inteiro, mas, vou destacar aqui (traduzindo livremente) as frases finais to texto porque elas expressam TÃO intensamente bem o que eu venho pensando já há algum tempo, mas não tive o talento/a sabedoria de articular.



Para a geração mais jovem de ‘multitaskers’—executores de múltiplas tarefas—o ensurdecedor “ruído” digital faz parte da vida diária. E, considerando-se as evidências que vem da neurociência e das observações diárias, esta constante auto-distração intencional pode acontecer em profundo detrimento do bem-estar individual e cultural. Quando as pessoas só fazem seu trabalho nos interstícios do tempo em que suas mentes vivem vagando, com migalhas de atenção racionadas entre tarefas que competem entre si, sua cultura pode ganhar em informação, mas certamente perde em sabedoria.



Talvez eu mesma tenha caído na armadilha contra a qual vivo advertindo os outros. Talvez eu tenha estado muito tempo fazendo muitas coisas ao mesmo tempo, lendo muito superficialmente, sem conseguir focar o suficiente para articular em palavras escritas o que eu sinto que já sei. George Siemens nos avisa que talvez a crítica contra ‘multitasking’ esteja parcialmente mal colocada e que, talvez, apenas tenhamos hoje em dia mais ruído no nosso mundo (video games, TV, podcasts, blogs, youtube). Ele acrescenta que talvez a nossa tarefa mais importante seja a de distinguir quando fazer uso de múltiplas fontes de informação e quando focar. Mas, eu pergunto, como podemos distinguir entre ruído e reais chances de aprendizagem quando estamos constantemente sendo bombardeados com a idéia de que TUDO na vida – bater papo com amigos, compartilhar fotos, assistir ao Big Brother, checar no Twitter o que os outros estão fazendo—uh???— tudo enfim é oportunidade para aprender? Acho que estou velha demais pra decidir quando dividir minha atenção ou quando focá-la se não me focar pra decidir.

5 comentários:

Anônimo disse...

Interessante, por coincidência estava lendo alguns artigos questionando como fica a concentração nesses tempos de multitarefa. Confesso que tenho me sentido especialmente afetado por esse rúido constante no momento em que tento escrever minha monografia em EaD. A qual só consigo trabalhar aos "surtos" justamente devido a meu constante fracasso em me focar em apenas uma tarefa. O que me deixa ainda mais apreensivo e necessitado com a idéia de tentar um mestrado.

O Luis Fernando Veríssimo descreveu esse problema uma vez em uma crônica. Ele falava de como somos apressado hoje em dia e como essa pressa faz com que certas idéias que seriam muito boas, terminam como apenas promissoras. Pois não temos paciência de semea-las e espera-las se desenvolver. se bem me lembro o texto de chama Garras e Asas.

Anamaria Camargo disse...

Oi, Renato.

É difícil fugir dessa pressão mesmo. Às vezes quando estou "só" lendo me pego com uma ponta de culpa do tipo "será que eu não estou perdendo tempo?" Ultimamente tenho me esforçado pra combater essa sensação e tenho tentado ficar um pouco mais focada. Mas é duro. E olhe que eu estou longe de ser adolescente...

Anônimo disse...

Oi Anamaria, vivemos mesmona era da tal sobrecarga de informação. E haja controle para poder manter a concentração hoje em dia. Um artigo que achei interessante foi o

Fighting a War Against Distraction

Anamaria Camargo disse...

Muito bom artigo, obrigada. Esse é um assunto que me interessa particularmente. Se vc vir outros artigos semelhantes, vc me fala?

Anônimo disse...

Claro, afinal passo por aqui de vez em quando. :-)